GERALDO MUZZI
EICOSANOIDES
A ciência moderna nos oferece diversas teorias para o envelhecimento. Em geral, elas podem ser divididas em duas categorias gerais: teoria do envelhecimento programado e teoria do dano. As teorias do envelhecimento programado sugerem que os genes humanos são pré-codificados para a idade específica da morte. As teorias do dano afirmam que o desgaste cumulativo determina a idade da morte. Combine as duas e tem-se uma teoria do envelhecimento aproximadamente assim: a vida não pode durar além do limite geneticamente programado, mas os efeitos cumulativos de uma vida com danos celulares excessivos podem encurtá-la. (SMITH, 2000)
Conforme Signorini & Signorini (1993), aproximadamente 95% do oxigênio advindo da respiração é metabolizado tetraeletronicamente pela cadeia respiratória celular, e termina seu ciclo metabólico, transformado em água, mas os 5% restantes são metabolizados monoeletronicamente, gerando radicais livres, que não combatidos adequadamente, causará um estado chamado de stress oxidativo. Esse stress oxidativo pode ser gerado por fatores genéticos e ambientais. Quando nosso sistema enzimático antioxidante é falho por alterações genéticas, ou fatores como fumo, radiação, excesso de atividade física, intoxicações, nutrição inadequada, inflamações, infecções, álcool, stress físico e mental e outros fatores, os danos gerados pelos radicais livres são cumulativos, estando, portanto, implicados na gênese e /ou agravamento de processos degenerativos crônicos.
Na verdade, pesquisadores hoje concordam que as enfermidades mais comuns, incluindo praticamente todas as doenças degenerativas, são causadas diretamente por danos provocados por radicais livres ou estão estreitamente ligados a eles. (OLSZEWER, 2002)
O organismo conta com dois sistemas de defesa específicos para neutralizar os radicais livres: o sistema de nutrientes antioxidantes e o sistema de enzimas antioxidantes. Os nutrientes podem ser utilizados sem qualquer mudança, diretamente dos alimentos e suplementos que consumimos e as enzimas devem ser sintetizadas pelo organismo. O que torna os antioxidantes tão eficazes contra os radicais livres é a sua posição de desistir de seus próprios elétrons pela causa. Os radicais livres aceitam vorazmente a oferta do antioxidante. (SIGNORINI & SIGNORINI, 1993)
No desempenho de sua função, as membranas celulares são vítimas de constantes ataques dos radicais livres e sofrem danos regulares. As membranas danificadas têm dificuldades de deixar passar os nutrientes e expelir os resíduos. Desenvolvem fendas, portanto, os locais receptores funcionam mal, impedindo as enzimas de entrarem na célula e realizar tarefas essenciais. O dano acumulado às membranas celulares ocasiona a erosão da saúde celular e o envelhecimento precoce. (SIMOPOULOS, 1998)
As células são aptas a reparar ou substituir suas próprias membranas danificadas. Mas, para isso, precisam de suprimento adequado da matéria-prima certa, ou seja, de ácidos graxos essenciais. Imagine o efeito devastador da deficiência deste nutriente essencial à saúde da célula. Teremos membranas celulares mais fracas e menos seletivas, com dificuldade de regular o entra e sai de substâncias boas e ruins. Resultando em células pouco saudáveis e, por fim, uma saúde precária. (JANEWAY et al., 2000)
Quando faltam ácidos graxos essenciais, o sistema imunológico sofre mais. Isso porque as células do sistema imunológico não conseguem realizar seu trabalho. Muitos problemas de saúde comuns, entre eles alergias, doenças auto-imunes, infecções e até o câncer, são, na verdade, manifestações do dano imunológico resultante da depressão crônica de ácidos graxos essenciais. (JANEWAY et al., 2000)
Por outro lado, a ingestão adequada de ácidos graxos essenciais garante não só a sobrevivência das células imunológicas, mas também o seu florescimento. Com membranas fortes, as células podem lutar contra os radicais livres, alergênicos, micróbios e toxinas. Combaterem melhor as inflamações, pois se tornam mais eficazes contra doenças como bronquite alérgica, sinusite alérgica, artrite e asma. (JANEWAY et al, 2000)
Para manter o perfeito funcionamento de todas as células é preciso garantir o suprimento adequado de ácidos graxos essenciais. Membranas celulares danificadas enfraquecem as células e abrem as portas para sérios problemas de saúde e envelhecimento acelerado. (JANEWAY et al, 2000). Há ao todo oito ácidos graxos essenciais que recaem em duas classes: ácidos graxos ômega-6 e ômega-3. Embora as duas classes possam ser transformadas em eicosanóides(uma categoria de hormônios), os ácidos graxos ômega-6 são os mais importantes. Os produzidos pelos ácidos graxos ômega-3 são relativamente neutros. Não fazem nem muito bem nem muito mal. Contudo, os ácidos graxos ômega-6 são os blocos constituintes tanto dos eicosanóides bons quanto dos ruins. A produção de bons ou maus eicosanóides tem início com o ácido graxo essencial linoléico (ômega-6). O ácido linoléico é levado para as células via lipoproteínas de baixa densidade (LDL, as mesmas substâncias que transportam o colesterol ruim). Sem a distribuição constante do ácido linoléico às células pelas ALDLs, a célula não teria como sintetizar os eicosanóides. Aqui temos uma substância supostamente ruim fazendo uma boa ação. (SEARS & LAWREN, 1997)
Muitas das doenças crônicas associadas ao envelhecimento (cardiopatias, artrite, câncer, etc) estão intimamente relacionadas à insuficiência ou deficiência de eicosanóide. O envelhecimento e os processos degenerativos estão associados à desaceleração da atividade da enzima delta-6-dessaturase. Com o envelhecimento, fica cada vez mais difícil otimizar o padrão metabólico, mas através da dieta (equilíbrio na ingesta de proteína e carboidrato) pode-se acelerar a atividade da enzima delta-6-dessaturase mesmo durante o processo de envelhecimento, garantindo um envelhecer onde pode-se desfrutar de uma melhor qualidade de vida.